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sexta-feira, 26 de abril de 2024

EM CIMA DA HORA

publicado em 21/12/2018

Inferno nas agências: descaso e economia burra dos bancos

O ?Sindicato dos Bancários de São Paulo recebe todos os anos dezenas de denúncias sobre falta de manutenção em sistemas de climatização de agências, resultando em queda da produtividade e insatisfação de clientes

Todo ano é a mesma história. O verão chega e as altas temperaturas da estação transformam muitas agências em verdadeiros infernos devido a falta de manutenção nos sistemas de ar-condicionado. Esse cenário repete-se sempre com a mesma certeza do nascimento do Sol e atinge trabalhadores e clientes do setor mais lucrativo da economia.

Somente em 2018, o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região recebeu 37 denúncias de agências e dois prédios administrativos com ar-condicionado pifado. Diante do problema e da falta de ação dos departamentos responsáveis pela manutenção da infraestrutura dos bancos, os dirigentes sindicais se viram obrigados a paralisar as atividades de várias unidades bancárias – oito apenas em dezembro.

A Norma Regulamentadora 17 estipula que a temperatura do ambiente de trabalho deve ser mantida entre 20ºC e 23ºC. As NRs são determinações obrigatórias feitas pelo Ministério do Trabalho para garantir a segurança e a saúde do trabalhador. Caso descumpridas, podem acarretar em punições para a empresa.

Mas é bastante comum encontrar agências bancárias com temperaturas superiores a 30 graus por conta de sistemas de refrigeração do ar pifados ou funcionando inadequadamente.

“O calor ambiental em atividades laborais leva a um desconforto muito grande, sonolência, dificuldade de concentração, e até a casos de desidratação”, enumera a médica Maria Maeno, que é coordenadora do Programa Organização, Gestão do Trabalho e Adoecimento da Fundacentro, órgão ligado ao Ministério do Trabalho.

“É uma economia burra do setor mais lucrativo da sociedade, pois os trabalhadores não produzirão o exigido em um ambiente insalubre de temperaturas elevadas, e os clientes não terão vontade de fechar negócios dentro de locais que se assemelham a verdadeiros fornos”, afirma o secretário de Saúde do Sindicato e bancário do Itaú, Carlos Damarindo, o Carlão.

“Mal estar e sensação de cansaço o tempo todo”
Os bancários relatam o sufoco causado pelo problema. “Agência sem ar funcionando não tem condição. Mal estar e sensação de cansaço o tempo todo. Tivemos cliente reclamando há alguns dias e estamos trabalhando há mais de uma semana na base de ar-condicionado portátil, que não dá conta, e muitos ventiladores espalhados”, denunciou um funcionário do Itaú a uma rede social do Sindicato.

 “O atendimento já é precário devido à falta de funcionários. E o calor acaba agravando a situação. A produção cai bastante, houve colegas que passaram mal, tiveram falta de ar. Os clientes vão ficando mais nervosos e descontam na gente. Mas não está no nosso alcance resolver essa questão. Vira um jogo de empurra entre as áreas [responsáveis pela infraestrutura]. O pessoal do Sindicato teve de fechar a agência porque é horrível trabalhar assim”, relata um empregado de uma unidade da Caixa na zona norte de São Paulo que teve de ser paralisada essa semana.

“Os sistemas de ar condicionado das áreas que abrigam as máquinas das instituições financeiras nunca passam por problemas semelhantes. As máquinas recebem dos bancos tratamento mais humano do que trabalhadores e clientes”, ironiza Carlão.

Denuncie!

O dirigente lembra o lucro bilionário dos bancos gerado pelos juros e tarifas exorbitantes cobrados dos clientes.

“Não tem desculpa para os bancos na demora da substituição dos equipamentos de refrigeração do ar. Vamos intensificar as atividades para evidenciar o problema, mas é importante que os trabalhadores denunciem ao Sindicato para que possamos encaminhar os casos à Secretaria Regional de Trabalho e Emprego, ao Contru e à Vigilância Sanitária. Os cipeiros, delegados sindicais e bancários devem reportar problemas de infraestrutura nos locais de trabalho às regionais da entidade que mantêm dirigentes de todos os bancos”, reforça Carlão.  

As denúncias podem ser feitas diretamente a um dirigente sindical ou pelo telefone (11) 3188-5200 ou ainda através do WhatsApp (11) 97593-7749. O sigilo do denunciante é garantido.

  Fonte: Seeb/SP
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