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sábado, 27 de abril de 2024

EM CIMA DA HORA

publicado em 31/07/2016

Conferência: só a luta garante seus direitos

Emprego, aumento real de 5%, PLR maior, não à terceirização, ao assédio moral, às metas abusivas: bancários eleitos em todo o Brasil votaram pauta de reivindicações e mobilização conjunta da classe trabalhadora contra retirada de direitos

A Campanha Nacional Unificada 2016 vai ser uma das mais aguerridas dos últimos anos. A luta dos bancários contra demissões, por mais contratações, aumento real, PLR maior, fim da terceirização e condições de trabalho decentes, este ano vai se somar à mobilização nacional de toda classe trabalhadora contra a retirada de direitos como a reforma da Previdência que pretende aumentar a idade mínima para aposentadoria de homens e mulheres para até 70 anos.

Essa foi a decisão referendada pelos 633 delegados eleitos em todo o Brasil para debater e votar a pauta de reivindicações da Campanha Nacional Unificada 2016 que será entregue à federação dos bancos (Fenaban) no dia 9 de agosto.

Remuneração – Reunidos durante os dias 29 e 31 de julho na 18ª Conferência Nacional dos Bancários, os trabalhadores da categoria definiram reajuste salarial de 14,78% com aumento real de 5% mais inflação projetada em 9,31%. A PLR a ser cobrada dos bancos será de de três salários mais R$ 8.317,90 de parcela fixa adicional e 14º salário. Para o piso, o salário mínimo do Dieese (R$ 3.940,24). O valor do vale-alimentação e da 13ª cesta reivindicado é de R$ 880. Para o vale-refeição, R$ 40 ao dia.

Os trabalhadores também aprovaram a divulgação de um manifesto (clique aqui) contra o golpe e a retirada de direitos, assinado por algumas das maiores centrais sindicais do país.

“Como sempre, os bancários estão mobilizados para fazer uma campanha forte e organizada em torno das suas conquistas. A diferença é que, este ano, estaremos unidos a trabalhadores de outras categorias que também têm suas campanhas no segundo semestre contra as diversas ameaças de retirada dos nossos direitos. Rumo a uma greve geral contra a precarização do trabalho que está sendo imposta pelo governo interino e apoiada por empresários e banqueiros”, afirma a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira (foto abaixo). “Somos milhões em todo o Brasil e haverá uma grande mobilização caso insistam em avançar contra conquistas históricas dos trabalhadores como o direito à aposentadoria.”

Emprego – Entre as principais reivindicações dos bancários está o respeito aos empregos. Além do fim das demissões e mais contratações, os trabalhadores querem a promoção da igualdade de oportunidades para todos, o fim das discriminações na contratação, nos salários e na ascensão profissional de mulheres, negros, LGBT e pessoas com deficiência (PCDs).

No combate à terceirização no sistema financeiro, será proposta a suspensão de todos os projetos dos que terceirizam serviços e a criação de uma comissão bipartite, com participação dos sindicatos e dos bancos, para reverter esse quadro e transformar todos os terceirizados em bancários.

Somente nos primeiros três meses do ano o lucro líquido dos cinco maiores bancos (Banco do Brasil, Caixa Federal, Bradesco, Itaú e Santander) chegou à marca de R$ 13 bilhões. Dos 25 setores com empresas de capital aberto avaliados pela Consultoria Economatica, o bancário foi o de maior lucratividade no período. As receitas com prestação de serviços e tarifas cresceram 6,2%, atingindo R$ 26,6 bilhões. “São apenas alguns dos dados que compõem os balanços das instituições financeiras e comprovam: não há razão para demitir. Os bancos têm de exercer sua função de atender bem à população, fornecer crédito para o desenvolvimento do país com juros baixos. E isso só se faz com trabalhadores bancários”, destaca a secretária-geral do Sindicato, Ivone Maria da Silva.

Agências digitais – A pauta deste ano conterá reivindicações específicas para agências digitais e sobre novas tecnologias. A diretora executiva do Sindicato Neiva Ribeiro destaca que o tema é relativamente novo no setor bancário e ainda há muitos aspectos a serem regulamentados. “Uma questão fundamental, por exemplo, é o acesso dos dirigentes sindicais a essas unidades, que tem sido dificultado pelos bancos. Precisamos de uma cláusula na CCT que garanta esse direito”, explica. “Temos denúncias de que esses bancários trabalham até oito horas com headset, por isso, é fundamental uma cláusula que estabeleça no máximo seis horas de trabalho, que é a jornada estabelecida por lei para quem trabalha com teleatendimento. A reivindicação da Conferência é de cinco horas sem redução do salário, inclusive para criação de mais empregos. Outro problema é que eles em geral têm um volume muito grande de clientes para atender, e isso também precisa ser revisto e clausulado na CCT [Convenção Coletiva de Trabalho].”

Saúde e condições de trabalho – Além da manutenção da luta contra o assédio moral e as metas abusivas, os bancários querem a melhoria nos programas de retorno ao trabalho, participação dos trabalhadores e dos sindicatos nas questões de saúde. “Queremos mais transparência no PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional) e acesso às informações que constam nos serviços médicos dos bancos, tanto em relação a exames periódicos quanto a ações preventivas implementadas pelas empresas”, informa o secretário de Saúde do Sindicato, Dionísio Reis.

Dionísio destaca ainda as reivindicações sobre Cipa (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes): “Uma das demandas é que todos os locais de trabalho tenham Cipa e que os treinamentos e a Sipat [Semana Interna de Prevenção de Acidentes] sejam presenciais e com participação dos bancários”.

Também será cobrado que os planos de saúde sejam mantidos após a aposentadoria do trabalhador e que sejam custeados pelas empresas.

Segurança – Em relação à segurança, os bancários reforçaram a necessidade de portas giratórias nas agências, instalação de biombos nos caixas eletrônicos e o fim das guardas das chaves pelos trabalhadores, além da permanência de dois vigilantes por andar nas agências e pontos de serviços bancários.

“A Fenaban tem de dar priodidade à proteção da vida humana, mas há uma resistência dos bancos. Os gastos com publicidade são muito maiores que com a segurança de seus empregados e isso tem de mudar”, destaca o secretário Jurídico do Sindicato, Carlos Damarindo.

Estratégia – Além da unidade entre trabalhadores de bancos públicos e privados, os bancários aprovaram estratégias de luta em defesa do emprego, pelo fim das demissões imotivadas, da terceirização, em defesa das empresas públicas. “Diante dos ataques aos direitos, os bancários dizem não à reforma da Previdência como está apresentada pelo governo interino, à proposta que coloca o negociado sobre o legislado, em defesa da CLT, do SUS, além da importância de esclarecer a população sobre a alta de juros tão nefasta à sociedade”, explica a secretária de Comunicação e Imprensa do Sindicato, Marta Soares. “Nenhum direito a menos.”

“Estamos atentos às ameaças impostas aos trabalhadores pela conjuntura política no país”, afirma Rita Berlofa, presidenta da UNI Finanças Mundial. “Nossa conferência nacional referendou a importância dos bancos públicos para o crescimento econômico e o desenvolvimento social de toda a América Latina. E UNI América Finanças estará junto nessa luta.”

Paridade – Os delegados votaram que a partir de 2017, a Conferência Nacional deverá contar com a participação mínima de 30% de mulheres. Também foram aprovadas moções, entre as quais a que categoria se coloca contra a violência de gênero.
 
Fonte: Seeb/SP
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