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domingo, 28 de abril de 2024

EM CIMA DA HORA

publicado em 12/06/2017

Doria usa a prefeitura de São Paulo para fazer “negócio”

Conflito de interesses entre gestão pública e iniciativa privada tem pautado as políticas do empresário Doria à frente da prefeitura.

Vendido pelos marqueteiros como “grande gestor”, o prefeito João Doria ainda não mostrou na prefeitura de São Paulo as habilidades que usou em sua empresa para ficar milionário e resolver problemas. Desde que assumiu o cargo, o João Trabalhador vem sobrevivendo em uma espécie de bolha de ilusões e mentiras construídas no marketing virtual para maquiar a falta de preparo do tucano para lidar com a máquina pública.

Suas agendas e aparições parecem ser todas pensadas para receber “likes” e compartilhamentos de parcela do eleitorado conservador que acessa as redes sociais.

Até agora, o que Doria fez de concreto foi fechar obscuros pedidos de doações com empresários, sem explicar qual a contrapartida. Afinal, empresário, a gente sabe, não faz nada de graça. A outra cruzada do prefeito é o trágico projeto de entrega de boa parte do patrimônio público aos interesses privados. No mais, são ações precipitadas ou desastradas que priorizam interesses pessoais em detrimento do interesse público.

O ‘Acelera São Paulo’, que teve como consequência o aumento de acidentes e mortes nas marginais, encaixa como um bom exemplo. A cassação da sua carteira de motorista após uma série de infrações, a maioria delas por excesso de velocidade, parece reforçar tal tese. Além de ser um prefeito que infringe as leis de trânsito, Doria foi denunciado por sonegar impostos por cerca de 15 anos. O suposto exemplo de gestor não pagou sequer o IPTU de sua residência e de seus imóveis comerciais na cidade. Um contrassenso.

Doria não conseguiu, ainda, fazer muito mais do que marketing, perseguir grafiteiros, praticamente acabar com a Virada Cultural, chamar trabalhador de vagabundo e assediar servidores a ir de Uber (sem a empresa saber) no dia da grande Greve Geral. Mais recentemente, utilizou, de forma descabida e autoritária, o aparato policial do Estado para atacar os usuários de drogas da Cracolândia e espalhar esse drama social e de saúde pública pela cidade. Até mesmo um prédio com moradores dentro foi derrubado durante a desastrada ação. Não bastasse, Doria contratou uma Organização Social (OS) para internar compulsoriamente os usuários de crack, mesmo essa medida sendo contestada por especialistas há anos.

O mais inacreditável é o conflito de interesses que veio na sequência: o gestor dessa OS é também consultor do Hospital da Cantareira, para onde os usuários são encaminhados, e coordenador do programa ‘Recomeço’, do governo Alckmin, que Doria adotou quando abandonou o reconhecido programa ‘De Braços Abertos’, criado na gestão do ex-prefeito Haddad. Ou seja, o coordenador de um programa importante como o ‘Recomeço’ é também gestor de uma entidade privada que presta serviço para o poder público. Pura promiscuidade. Se não é ilegal, é, no mínimo, imoral.

Conflito de interesses entre a gestão pública e a iniciativa privada tem pautado todas as políticas e iniciativas de João Doria à frente da prefeitura da cidade mais importante do País.

Depois de diversos questionamentos públicos às doações dos empresários “solidários e bonzinhos”, Doria resolveu inovar mais uma vez. Convidou Cláudio Carvalho de Lima, que nos últimos 12 anos foi vice-presidente na construtora Cyrela Brazil Realty, para ocupar a recém-criada Secretaria Extraordinária de Investimento Social ou “Secretaria de Doações”, como preferirem.

Doria tomou essa decisão logo após a reforma dos banheiros do Parque do Ibirapuera, bancada pela mesma Cyrela, com custo estimado em R$ 450 mil, e divulgada pela imprensa de forma espetaculosa. Nem a inauguração de um hospital dá tanta audiência quanto deu essa reforma dos banheiros de um parque. 

E os absurdos não param por aí. Nesta quarta-feira (7), uma reportagem da rádio CBN revelou que os remédios doados por empresários à Prefeitura em fevereiro estão próximos do vencimento. Como não podem vendê-los na rede privada, estão distribuindo na rede pública colocando em risco a saúde da população. E essa ação não foi de graça. Após um acordo entre as gestões Doria e Alckmin, as empresas ganharam isenção no ICMS por três meses, deixando de pagar R$ 66 milhões em impostos, e ainda se livraram do custo pelo descarte de medicamentos, que foi transferido para a prefeitura.

O conflito de interesses está mais do que explícito. O prefeito utiliza-se do bem público para fazer negócios e ajudar os amigos empresários. Essa confusão entre público e privado faz com que Doria se revele um gestor irresponsável e um político ultrapassado.

Definitivamente, muito mais do que desconhecer a gestão pública, Doria despreza os conceitos de transparência e tenta enganar a população. Elegeu-se prefeito para fazer negócios. Ele se comporta como um dono de empresa mal educado que não pode ser contrariado, como nos episódios simbólicos em que jogou flores no chão ao receber de uma ciclista que protestava e quando bateu boca com foliões no carnaval.

Seus secretários, com destaque para André Sturm da Cultura, parecem ter sido selecionados por se comportar de forma semelhante ao garoto mimado, o típico dono da bola que acaba com o jogo quando perde. O povo, que vê obras importantes paralisadas pela cidade, começa a perceber o desprezo do novo gestor.

  Fonte: CUT/SP
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