Webmail
domingo, 12 de maio de 2024

EM CIMA DA HORA

publicado em 06/06/2017

Em contraponto às grandes corporações, Fórum Alternativo Mundial da Água é lançado

Participantes leram o Manifesto de Chamamento aos Povos, que alerta sobre o risco de privatização da água.

Neste dia Mundial do Meio Ambiente, 5 de junho, entidades populares fizeram o lançamento do Fórum Alternativo Mundial da Água (Fama), iniciativa que pretende promover a consciência política e o empoderamento da sociedade para discutir o direito à água e as consequências de sua privatização. A atividade ocorreu no centro de São Paulo e reuniu especialistas e trabalhadores do meio ambiente.

O Fama foi pensado também para ser uma oposição ao Fórum Mundial da Água (FMA), evento organizado pelo Conselho Mundial da Água e que, em 2018, será sediado em Brasília (DF). O FMA, também conhecido como “fórum das corporações”, tem o envolvimento e a organização feita por grandes empresas multinacionais, interessadas na mercantilização da água, atendendo, principalmente, as demandas do agronegócio e da indústria pesada.

“Esse Fórum Alternativo segue uma tradição do que já tem acontecido em outros países em fóruns anteriores. Ele é uma contraposição ao ‘fórum das corporações’ que, apesar de contar com organizações cientificas, técnicas e de governos, tem uma série de empresas que hoje controlam a água em vários países do mundo. Então essa contradição impede que a gente desenvolva um debate que nos unifique, que é o debate da garantia da água como um direito e não mercadoria”, afirma o coordenador Edson Aparecido da Silva, que representa a Federação Nacional dos Urbanitários.

No lançamento do Fama, os participantes leram o Manifesto de Chamamento aos Povos que critica, entre outros pontos, a construção de barragens que afetam populações ribeirinhas sem considerar impactos sociais e culturais e a apropriação e controle dos aquíferos subterrâneos (clique aqui para ler o documento).

O Fórum Alternativo está previsto para ocorrer nos dias 17,18 e 19 de março de 2018, em Brasília (DF), com a expectativa de receber 5 mil pessoas de várias partes do mundo, da cidade e do campo. Uma marcha também está marcada para ocorrer na cidade.

Participam do Fama movimentos sociais, entidades sindicais, organizações ambientais, comunidades indígenas e autóctones ameaçadas de serem expulsas de suas terras, personalidades do mundo acadêmico-científico, camponeses, entre outros. “Do ponto de vista de uma articulação dos trabalhadores e das entidades sindicais teremos os desafios de dialogar com a sociedade sobre o acesso à água potável e o fortalecimento do controle social sobre esse bem comum. Tem também a questão dos empregos, porque a privatização da água, além de dificultar o acesso, trará a precarização do trabalho”, fala Denise Motta Dau, da Internacional de Serviços Públicos (ISP).

Também esteve presente no evento a coordenadora da CUT em Presidente Prudente, Ana de Mattos Flores, que relatou os impactos das ações do agronegócio na região do Pontal de Paranapanema, que afeta os assentamentos e produtores rurais de pequeno porte. “Visitei um local que há 40 anos cultiva o bicho da seda para produção, mas que tudo foi perdido por conta da contaminação das plantações de amoras, uma consequência da contaminação do solo, da água e do ar”.

Articulação

A CUT Brasil e a CUT-SP estão entre as entidades que compõem o Fama. As organizações irão pautar o tema em suas bases sindicais e articular os trabalhadores a participar das iniciativas do fórum.

Secretário de Meio Ambiente da CUT, Daniel Gaio diz que a atual conjuntura política e econômica do país tem causado sérios prejuízos ao setor ambiental e que, por isso, será necessário ter muita resistência da classe trabalhadora.

“Assim como o Fórum Mundial da Água foi sequestrado pelas organizações, hoje nós temos no Brasil um governo e um congresso sequestrado pelos interesses corporativos. A CUT trabalha muito na resistência às reformas trabalhista e previdenciária, mas tem também uma face ambiental do golpe, que, além das reformas colocadas, tem a emenda aprovando o teto de gastos, que traz implicações seríssimas para a preservação do meio ambiente. Além disso, há uma série de iniciativas legislativas que são uma grande ameaça, como os projetos de leis que flexibilizam o licenciamento ambiental, o uso de agrotóxico, e uma PEC que praticamente acaba com a demarcação de áreas indígenas no Brasil”, alerta o secretário.

Dirigente da pasta na CUT-SP, Solange Ribeiro diz que a agenda local pretende envolver diversas categorias. “São Paulo fará o esforço para organizar aqui o Comitê Estadual do Fórum. Em agosto, também teremos um seminário para discutir a questão da água, assunto tão caro ao nosso estado, já que vivenciamos de perto uma crise hídrica e a constante possibilidade de privatização, modelo em que se coloca a questão econômica antes da questão social e ambiental”.

  Fonte: CUT/SP
  • Whatsapp
  • Telegram

Leia Mais

FETEC-SP é uma marca registrada. Todos os Direitos Reservados.
INFOSind - A MAIOR Empresa de Gestão Sindical do Brasil