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sábado, 18 de maio de 2024

EM CIMA DA HORA

publicado em 15/05/2017

Golpe aprofunda a violência e o racismo no Brasil

Na cidade de São Paulo, movimentos vão às ruas dialogar com a população sobre direitos e preconceito.

Em um conhecido shopping na zona oeste de São Paulo, a babá Noelia Vicente dos Santos, 48, foi acusada injustamente nesta sexta-feira (12). Entrou para comprar um presente na loja de brinquedos PBKids, mas não encontrou o que desejava. No entanto, foi seguida por um segurança, abordada e humilhada em público.

A história desta trabalhadora não é caso isolado, assim como não é por acaso que o mundo celebra a Década Internacional de Afrodescendentes (2015-2024). Muitas são as Noelias que vivenciam na pele o preconceito em diversos lugares da sociedade, como nos espaços de trabalho, escolas e no serviço público.

É para lutar contra isso que movimentos, como a CUT São Paulo, foram às ruas nesta sexta (12). Em ato público no Largo do Paissandu, no centro da capital, militantes da luta contra o racismo realizaram uma intervenção com falas e atividades para sensibilizar as pessoas sobre a urgência de mudar esse cenário.

Do Coletivo de Combate ao Racismo do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região, o mestre em Direito Político e Econômico, Júlio César, lembrou-se da ausência de políticas públicas. “Sentimos ainda muita discriminação, principalmente com o genocídio da população negra. Muitos dos nossos estão morrendo pelas mãos de policiais. Se soma a isso a falta de políticas na saúde e na educação voltadas ao nosso povo”, disse.

Outras falas políticas também apontaram responsabilidades aos governos de Geraldo Alckmin e João Doria, ambos do PSDB, que investem em políticas de segurança que violentam os jovens negros da periferia.

Para Sandra Mariano, da Coordenação Nacional das Entidades Negras (Conen), a data não é de celebração, mas de luta. “Importa pra gente saber o que aconteceu com os negros e as negras em 14 de maio de 1888, um dia após a chamada abolição da escravidão. Para onde eles foram? Porque não tinham moradia, não tinham terra, nem nada. Assim foram formadas as favelas”, lembra a militante.

Pelo Fórum de Educação e Diversidade Étnico-Racial e o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), Anatalina Lourenço mostra como há mistificação cultural. “Os filmes que retratam a tal da abolição mostram a imagem de negros e negras escravizados saindo felizes das fazendas após a assinatura da Lei Áurea. E vivemos desde então o dia 14 com a falta de inclusão social e de políticas públicas sociais e econômicas que garantam a igualdade étnico-racial”, avalia.

Golpe e racismo                   

O ato ocorre um dia antes de a assinatura da Lei Áurea completar 129 anos, ela que teria abolido a escravidão no país. Contudo, a história provou que não foram dadas as condições para que a população negra pudesse ter um tipo de inserção mais digna na sociedade, fortalecendo, dessa forma, a desigualdade que segue até hoje.

De lá para cá, poucos direitos foram conquistados, mas agora, com o golpe em curso no país, o pouco tem sido eliminado. Michel Temer (PMDB) e seus aliados promovem o maior ataque de direitos da história. São cortes nos investimentos na saúde, educação, habitação e assistência social, por exemplo, setores essenciais para a população pobre e trabalhadora, lembrou a secretária de Combate ao Racismo da CUT-SP, Rosana Aparecida da Silva.

"Como se não bastasse o racismo fortemente presente no Brasil, vivemos agora a ameaça da perda dos direitos trabalhistas e a terceirização sem limites. Isso vai aprofundar mais a desigualdade dos negros e das negras que, mesmo sendo a maioria do país (54% da população), ocupam somente 37% do mercado de trabalho", afirmou a dirigente.

  Fonte: CUT/SP
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