Sem explicações, um gestor da Torre, tido como autoritário e assediador pelos subordinados, demitiu dois trabalhadores poucas semanas antes das festas de final de ano.
Imagine ser demitido a duas semanas do Natal sem qualquer justificativa, sendo que você sempre foi bem avaliado, inclusive recebendo prêmios como um dos melhores funcionários da sua área de atuação. É exatamente essa a situação de duas bancárias da Torre, recentemente demitidas por um gestor considerado autoritário pelos seus subordinados.
“O gestor assumiu a área de forma definitiva em maio e, de acordo com o relato dos trabalhadores, desde então a pressão por resultados aumentou significativamente e se tornou abusiva. Ele diminuiu o tempo médio de resposta de 2 horas para 30 minutos, sem novas contratações, sendo que a área conta com pouco mais de dez funcionários. Não é possível reduzir o TMR em 75% com o mesmo número de funcionários. Seria necessária uma equipe quatro vezes maior. Ainda assim, a equipe entrega mais de 100% e são cobrados diariamente e ameaçados de demissão”, explica a dirigente do Sindicato e bancária do Santander Lucimara Malaquias, reforçando ainda que o trabalho executado na área exige análise de detalhes técnicos, o que torna impossível fazer uma análise com qualidade em 30 minutos.
Para uma das bancárias demitidas – que estava há 11 anos no banco, sendo 8 na área recentemente assumida pelo gestor, e que somente em 2018 recebeu três prêmios de produtividade e de janeiro a abril ficou em segundo lugar como melhor analista – a razão para a sua demissão foi pessoal.
“Acho que é pessoal. Ele queria dar mais agilidade para a área, mas sem qualidade. Eu me colocava contra isso, me posicionava. Ele não gostava. Por quatro meses, ganhei como melhor analista. Ele me mudava de produto toda hora. Falava que minha cara nunca estava boa. Que se eu não estava contente, deveria sair. A pressão psicológica era absurda, tiver que passar por psicólogo, mas as outras pessoas não tinham coragem de enfrentar. Eu tinha”, relata a bancária demitida.
“O abuso é tão grande que até mesmo o rosto do trabalhador é avaliado. Se o gestor quer caras felizes, que promova um ambiente para tal”, avalia a dirigente do Sindicato.
A bancária relata ainda posturas do gestor que configuram assédio moral. “Um dia ele me chamou e mais quatro pessoas para a sala de reunião e falou que ia pedir a nossa demissão. Ficou nervoso. Não deixou ninguém falar. Quando ele era cobrado pelo superior, voltava muito irritado, aumentava o tom de voz, jogava coisas na mesa para fazer barulho. Queria me assustar.”
“É desumano e pouco inteligente achar que com este método de gestão vai aumentar a produtividade. Essa pressão absurda é contraproducente. Existem limites para a capacidade humana. Quando a pressão chega ao limite, o trabalhador adoece e obviamente não consegue aumentar sua produtividade. Além disso, tivemos informações de que o tradicional rodízio de fim de ano, entre os dias 24 e 31, está ameaçado. Nesse ritmo, esse gestor vai querer que a ceia dos funcionários aconteça na área, comendo o peru com uma mão e trabalhando com a outra”, enfatiza Lucimara.
“Vamos cobrar providências urgentes do banco quanto a postura assediadora desse gestor. Nenhum trabalhador deve ser submetido a esse tipo de tratamento”, conclui a dirigente do Sindicato.
Os bancários vítimas de assédio moral podem utilizar o canal da Sindicato, com garantia de sigilo absoluto, para fazer sua denúncia.