Mais de 6,5 mil trabalhadores da Coréia do Sul participam da greve por tempo indeterminado. Sindicato pede aumento de 6,5% do salário-base e melhores condições de trabalho. Samsung alega estar em crise, mas só neste ano o lucro da empresa aumentou dez vezes.
Nesta quarta-feira (10), após três dias de paralisação dos trabalhadores sul-coreanos da Samsung Electronics, o Sindicato Nacional declarou, pela primeira vez na história da empresa, uma greve por tempo indeterminado devido à intransigência da multinacional em não atender suas demandas.
Desde o início do ano, o Sindicato tenta negociar com a empresa um aumento dos salários-base em 6,5%, melhores condições de trabalho, maior transparência nos pagamentos salariais e a restituição dos benefícios retirados pela Samsung. Após a recusa da empresa, os trabalhadores decidiram entrar em greve.
Em junho, houve uma tentativa de “semi-paralisação” de um dia, com os trabalhadores coletivamente utilizando seu dia de folga. Logo após, o Sindicato anunciou uma paralisação de três dias no início de julho.
Agora, após três dias de paralisação iniciados na segunda, foi anunciada uma greve por tempo indeterminado devido à contínua rejeição da patronal em acatar as demandas dos trabalhadores.
Esta é a primeira greve em 55 anos de existência da empresa. A Samsung é conhecida por suas políticas antissindicais e, até 2020, impedia os trabalhadores de se sindicalizarem.
Os empresários afirmam querer manter um bom diálogo com o sindicato, mas seguem intransigentes. O presidente do sindicato denuncia que “por mais de dez anos, a companhia tem alegado estar em uma ‘situação de crise’ para justificar a redução de benefícios, rejeitar aumentos salariais e forçar sacrifícios nos seus empregados”.
A Samsung Electronics é a maior fabricante de chips, celulares e televisões do mundo, sendo a principal unidade do conglomerado Samsung Group da Coreia do Sul.
A empresa declarou que houve, no início do ano, um crescimento de 10 vezes nos seus lucros, e há a expectativa de aumento de 15 vezes no próximo período.
O Sindicato Nacional da Samsung Electronics representa quase um quinto de todos os trabalhadores da empresa. A polícia afirmou que o primeiro protesto da greve contou com mais de 3 mil pessoas, e mais de 6.500 trabalhadores anunciaram sua participação na greve.
Apesar de a Samsung afirmar que a greve pouco afeta a produção, a paralisação já conta com mais de 5.000 trabalhadores das áreas de equipamentos, manufatura e processos de desenvolvimento, sendo mais de 4.000 destes em Giheung, Hwaseong e Pyeongtaek, plantas que são parte importante da linha de produção de semicondutores, central na linha de produção mais ampla da empresa.
Profissionais da Saúde e metalúrgicos também estão em greve
Além da greve dos trabalhadores da Samsung, foram reportadas recentemente na Coreia do Sul greves de clínicas hospitalares, médicos de instituições públicas e professores de medicina, contra as reformas na saúde promovidas pelo governo.
Nesta quarta, também houve greves de 8 horas de metalúrgicos, trabalhadores da Hyundai Motors, Kia e da GM Korea, contra uma política do governo que busca punir trabalhadores que entrarem em greves consideradas ilegais.
fonte: esquerdadiario.com.br / Jornalista André Higa
foto: Membros do Sindicato Nacional da Samsung Electronics de punhos erguidos enquanto cantam palavras de ordem durante o início paralisação, do lado de fora do portão principal da fábrica da empresa em Hwaseong, em 8 de julho de 2024. (Kim Yeong-won/Hankyoreh)