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Altamiro Borges: “Governo precisa de ousadia e movimentos sociais são fundamentais para 2026”

Jornalista destaca que  sindicatos e movimentos sociais têm papel decisivo no processo político. ”Cenário atual é melhor porque temos um governo que apresenta avanços. Mas não podemos nos dar ao luxo de sofrer novos retrocessos”

O jornalista Altamiro Borges, coordenador do Centro de Estudos da Mídia Alternativa “Barão de Itararé”, foi o palestrante da segunda mesa do Planejamento 2025 da FETEC-CUT/SP desta quinta (13), realizado em Atibaia. Ele destacou os desafios enfrentados pelo governo Lula e o papel fundamental dos movimentos sociais e sindicatos nas eleições de 2026.

Cenário adverso

Segundo Altamiro, apesar da vitória da esquerda contra o fascismo em 2022, o governo Lula começou sob condições desfavoráveis.

“Havia dúvidas se o governo conseguiria completar o mandato. O cenário era extremamente adverso porque a correlação de forças no mundo era muito mais negativa”, afirmou. O jornalista apontou que, enquanto Lula era eleito presidente, o Congresso sofria uma onda conservadora, com nomes como Marcos Pontes, Damares Alves, Magno Malta e Hamilton Mourão sendo eleitos para o Senado. 

A despeito desse contexto, Borges avalia que o cenário hoje é mais otimista. “O nível de realizações deste governo é impressionante. Quem já ficou desempregado sabe a dor de estar à deriva, e agora vemos aumento na taxa de emprego, melhora na renda e a retomada de programas sociais como o Farmácia Popular e o lançamento do Pé de Meia. Sem contar que mais uma vez o governo Lula tirou o país do mapa da fome”.

A ascensão da extrema direita e o papel da comunicação

Sob a ótica de Altamiro, o bolsonarismo está enfraquecido pelas recentes denúncias de tentativa de golpe. No entanto, ele destaca que a extrema direita global segue forte, citando a eleição de Javier Milei na Argentina e o retorno de Trump aos holofotes. “O MAGA (Make America Great Again) é um movimento de um império em decadência que tenta retomar o poder com agressividade tanto no mundo quanto internamente”.

Aline Molina, presidenta da FETEC-CUT/SP, com Altamiro Borges no Planejamento 2025 da federação

Movimentos sociais e sindicatos: chave para 2026

O jornalista enfatizou que os sindicatos e movimentos sociais desempenham um papel decisivo no processo político. “Se tivermos retrocessos, eles virão do centro-direita, não da extrema direita. Isso significa que nossa participação em 2026 será decisiva para a luta dos trabalhadores e, especialmente, para o futuro dos sindicatos”.

Para Borges, a luta contra a extrema direita passa por três frentes principais: desmascarar o bolsonarismo, intensificar a batalha de ideias e fortalecer a politização da classe trabalhadora. 

“A fake news ainda é a grande ferramenta da extrema direita. O que gera lucro nas redes sociais é ódio, mentira e violência’’. Sob esse aspecto, Altamiro avalia a importância das redes sociais como ferramentas de luta nesse cenário. ‘’O movimento sindical ainda é muito analógico e precisa se adaptar a essa realidade para se comunicar melhor.”

O desafio da regulamentação das Big Techs

Borges destaca que a luta pela regulamentação das Big Techs é essencial para conter o avanço da extrema direita.

“Sem uma regulamentação mínima, estaremos atuando em um campo minado. Precisamos estabelecer regras para impedir que a extrema direita continue explorando algoritmos para espalhar desinformação e ódio”, afirmou. Ele ressaltou que essa pauta sofreu um retrocesso com a vitória de Trump, mas continua sendo estratégica para a democracia brasileira. “O essencial é travar a batalha de ideias e garantir um ambiente digital menos hostil aos setores democráticos.”

O ‘’impacto Lula’’

Para Borges, essa reestruturação da comunicação foi uma decisão sensível de Lula, demonstrando sua preocupação genuína com a estratégia do governo federal nessa área.

‘’A  opinião do Lula tem um peso significativo na sociedade, e quando ele enfrenta temas como os juros altos e a inflação dos alimentos, isso gera um impacto direto na população. Os grandes jornais contestam essa postura porque temem o alcance e a influência de suas declarações. Justamente por isso, sua presença deve ser constante e estratégica’’.

O jornalista chama a atenção para a necessidade de unidade no campo progressista.

“Estamos em um momento de resistência que vai durar muitos anos. É uma maratona de longo prazo. O que não podemos permitir são divisões internas que nos levem a mais derrotas. Precisamos acumular forças para garantir que o campo popular e progressista vença as eleições e possamos respirar um pouco melhor.”

Altamiro Borges finalizou sua palestra com um chamado à mobilização.

“O cenário atual é melhor porque temos um governo que apresenta avanços. Mas estamos em uma outra realidade. A batalha continua sendo gigante e árdua, e não podemos nos dar ao luxo de sofrer novos retrocessos”.

Calendário FETEC 2025

A secretária-geral da FETEC-CUT/SP, Ana Lúcia Ramos Pinto, apresentou o calendário de atividades e ações que serão desenvolvidas pela federação em 2025, destacando a importância da Campanha de Sindicalização e da ampla gama de atividades de formação planejadas para este ano.”

Ana Lúcia Ramos Pinto, secretária-geral da FETEC-CUT/SP

fonte FETEC-CUT/SP

 

 

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