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terça-feira, 16 de abril de 2024

EM CIMA DA HORA

publicado em 05/12/2016

Impactos no meio ambiente atingem a geração de empregos

Durante seminário da CUT-SP, especialistas apontaram desafios socioambientais que podem ser agravados com Temer e Trump no poder

Pensar formas de se organizar estrategicamente para enfrentar os desmontes das políticas de meio ambiente, feitos pelo governo golpista de Michel Temer (PMDB), ocupou parte dos debates do primeiro dia do 1º Seminário Sindicalismo e Meio Ambiente, promovido pela Secretaria de Meio Ambiente da CUT-SP na quinta-feira (1º/12), no centro da capital paulista.
 
Realizado no auditório do Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindsep), o evento reuniu especialistas no tema que apresentaram um histórico dos acordos internacionais de enfrentamento ao aquecimento climático e suas consequências na vida da população, conquistas construídas após anos de negociações envolvendo diversas nações e movimentos da sociedade civil, mas que estão em xeque desde que Temer assumiu a Presidência, no caso do Brasil, e podem piorar na escala internacional, já que Donald Trump, eleito para comandar os EUA, anunciou o rompimento de muitos desses acordos.
 
Na mesa sobre “Crescimento econômico ilimitado e desenvolvimento sustentável”, a assessora da CUT Nacional, Vânia Viana, resgatou os tratados mundiais iniciados em 1972, na Conferência de Estocolmo, tido como o marco das discussões acerca da degradação ambiental e o uso dos recursos naturais. “A partir desse momento, uma série de construções políticas foram feitas no sentido de responsabilizar as pessoas e as nações para pensar em como transformar o modelo de desenvolvimento em algo sustentável”.
 
“E o mundo do trabalho, sindical, participa desse diálogo no sentido de que os impactos das mudanças climáticas afetarão diretamente os empregos e a vida da classe trabalhadora, pois volta a questão da discussão da desigualdade: quem tem dinheiro, tem possibilidade e sai (das regiões afetadas pelas mudanças). Quem não tem, vai morar na beira do córrego. E situações do tipo ocorre com quem está na floresta, com o trabalhador da pesca etc.”
 
Outra participante, Dora Lima, ativista e representante do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) na construção dos Objetivos do Milênio, apresentou a Agenda 2030, um plano de ação de 169 metas da ONU que reconhece que a forma do planeta se desenvolver sustentavelmente é acabando com a pobreza extrema, mas que só será possível com a atuação conjunta dos países no alcance desses objetivos.
 
Em seguida, o advogado e integrante do Instituto Escolhas, Sérgio Leitão, provocou a plateia formada por sindicalistas e membros de movimentos populares sobre a atuação que ele considera ainda “tímida” dos movimentos sociais na construção de um plano de desenvolvimento socioambiental. Para ele, o movimento sindical deve considerar a questão ambiental tão importante quanto as regras trabalhistas, já que os trabalhadores sofrem com as consequências. “Os empresários estão com iniciativas para entender o que serão essas novas cadeias de produção”, disse, ao argumentar que esses estudos tendem a diminuir a geração de empregos.
 
GOLPE
Na segunda mesa do dia, sobre “Sindicalismo e justiça socioambiental”, a vice-presidenta da CUT Nacional e ex-secretária de Meio Ambiente da entidade na gestão 2009-2012, Carmen Foro abriu o diálogo falando sobre a agenda do governo golpista que, em pouco tempo no comando, tem destruído tudo o que foi feito para mitigar os impactos socioambientais. “Estávamos na perspectiva de avançar e agora tudo está sob negociação, que levam a condições pioradas. Está na agenda privatista do Temer o licenciamento ambiental sem nenhum parâmetro, no qual as próprias empresas podem dar licença ambiental para determinadas obras sem que o Estado tenha algum nível de controle social. Há também a agenda da privatização das águas e o retorno maior de uma produção de alimentos agrotóxicos, afetando a saúde pública”.
 
Na mesma linha, Milton dos Santos Rezende, que também está na direção da CUT Nacional, apontou a possibilidade de que esses ataques serão em escala internacional, uma vez que o futuro presidente estadunidense Donald Trump afirmou que o aquecimento global não existe. “Quando ele fala isso, ele está questionando todas as políticas de controle do desmatamento, o pré-sal no Brasil, o fim do embarco a Cuba e de uma possibilidade de desenvolvimento e de avanços naquele país. Ele está permitindo a continuidade da China, Estados Unidos e Alemanha continuarem emitindo carbono e, depois, virem aqui dizer que nós temos de parar com o desmatamento. Isso é o que ele quer dizer”.
 
Integrante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Daiane Hohn credita ao Banco Mundial uma parcela do aceleramento da destruição ambiental. “O Banco Mundial quando pensa o plano de desenvolvimento pro mundo, sobretudo para a América Latina, pensa em como o capital se apropria de forma mais rápida sobre os bens naturais. E se precisar, a exploração sobre o trabalho é algo que também pode ser flexibilizado, na medida que o trabalhador pode fazer uma jornada maior para gerar mais lucro, mais mais-valia”, ressalta.
 
Também do MAB, Fernanda de Oliveira situou os participantes sobre os últimos acontecimentos da cidade de Mariana, em Minas Gerais, onde há um ano ocorreu o rompimento das barragens da mineradora Samarco. Ela disse que esse crime é o exemplo de como os interesses econômicos estão acima de tudo. “A tragédia de Mariana trouxe uma sensibilidade nacional e internacional de um fato concreto desse modelo de desenvolvimento, um crime cometido pelas empresas Samarco, Vale e BHP”.
 
Fernanda contou que a questão da água para uso continua sendo uma situação muito séria na cidade. “Um município de 12 mil pessoas, onde eles têm que pegar água na bica porque não têm coragem de se abastecerem com a água da cidade. E isso é uma coisa muito séria, pois é a fonte de vida da população. E entre os que se atreveram a beber, há relatos de doenças no corpo e no estômago”.
 
  Fonte: CUT-SP / Foto: Jordana Mercado
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