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quinta-feira, 25 de abril de 2024

EM CIMA DA HORA

publicado em 24/11/2016

Cortes de recursos para a educação pode aumentar genocídio da população negra


Uma das principais bandeiras de luta do Mês da Consciência Negra de 2016 está relacionada com o corte de recursos voltados para as áreas sociais e para as políticas afirmativas. Entre as preocupações está o aumento do número de mortes de negros por homicídio, principalmente entre a juventude. “Os estudos apontam que os jovens negros e com menos anos de estudo são as maiores vítimas da violência. Com o congelamento de investimentos públicos nas áreas sociais, como na educação, isso tende a se agravar”, afirmou a diretora de Políticas Sociais da Federação dos Bancários da CUT de São Paulo (FETEC-CUT/SP), Crislaine Bertazzi.
 
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O Atlas da Violência 2016, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) em março de 2016, aponta que o nível de escolaridade é um fator determinante para se identificar os grupos mais suscetíveis às mortes por homicídio no Brasil. Segundo o Atlas da Violência, a probabilidade de morte violenta de um jovem de 21 anos, idade de maior número de mortes por homicídio, e com menos de sete anos de estudo é 16,9 vezes maior do que a daquele que chega ao ensino superior.
 
Em outro recorte socioeconômico, o levantamento do Ipea e do FBSP mostra que, aos mesmos 21 anos, as chances de jovens pretos e pardos, que representam a maior parte da população pobre no Brasil, morrerem por homicídios são 147% maiores do que de jovens de outros grupos étnicos. Os dados apontam, ainda, que, entre 2004 e 2014, houve um crescimento de 18,2% de homicídios contra negros, e uma diminuição de 14,6% contra pessoas que não são pretas ou pardas.
 
Os dados são semelhantes aos apresentados pelo Mapa da Violência 2016 (que tem foco na questão da violência por armas de fogo), elaborado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso). Os dados apontam que, de 2003 a 2014, houve queda de 27,1% na taxa de homicídios por armas de fogo entre os brancos de 14,5 para 10,6 para cada 100 mil habitantes. Entre os negros, houve aumento de 9,9%, indo de 24,9 para 27,4 para cada 100 mil habitantes. Com isso, a vitimização negra do país, que em 2003 era de 71,7%, saltou para 158,9% em 2014. A constatação é a de que o número de mortes por armas de fogo é 2,6 vezes maior do que o número entre outras etnias.
 
Segundo os dados da Flacso, 94,4% dos homicídios por armas de fogo são de homens. A faixa de idade entre 15 e 29 anos (juventude) compõe o público de maior incidência deste tipo de morte e é segmento da população no qual há maior crescimento por mortes deste tipo. No conjunto da população, o número de homicídios por armas de fogo passou de 6.104, em 1980, para 42.291, em 2014, um crescimento de 592,8%. Entre os jovens o aumento foi de 3,1 mil homicídios por armas de fogo em 1980, para 25,2 em 2014. Um crescimento de 699,5%.
 
“É um verdadeiro genocídio da população negra, sobretudo dos jovens. Vamos lutar contra os cortes de recursos nas áreas sociais, principalmente na educação, para evitar que o número de mortes entre a população negra aumente ainda mais”, disse a diretora da FETEC-CUT/SP.
 
 
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