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quinta-feira, 18 de abril de 2024

EM CIMA DA HORA

publicado em 24/11/2016

Defender o público é defender a cidadania, aponta seminário em São Paulo

Seminário promovido pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo debate importância do patrimônio, serviços públicos e estratégias de resistência
 
O governo Temer vai tentar retomar todos os projetos neoliberais que o governo de FHC não conseguiu concretizar, o que inclui a privatização do Banco do Brasil, da Caixa e da Petrobras. A afirmação é do cientista político e sociólogo Emir Sader. “O golpe foi dado para que fosse retomado esse modelo. Agora vão tentar desmontar o patrimônio público e destruir as políticas sociais implantadas nos últimos 13 anos. Ou seja, desmontar o Estado e trazer de volta a centralidade do mercado”, afirmou Sader, durante palestra no seminário “Se é público, é para todos”, promovido pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, na noite dessa quarta-feira (23).
 
“Estamos aqui defendendo não só as empresas, mas tudo que é publico: o SUS, a educação... Nossa esfera é da universalização dos direitos, é a esfera democrática”, acrescentou o sociólogo, ao se referir a outra ameaça, a PEC 55 de autoria do governo, que congela os investimentos da União por 20 anos.
 
Diante disso, segundo Sader, é preciso dialogar com as pessoas que serão diretamente atingidas. “Temos de conversar com os beneficiários do Bolsa Família, do Minha Casa Minha Vida, que serão prejudicados com o desmonte dos programas sociais, porque atacar Caixa e BB é também atacar as políticas públicas. Temos de dialogar com os bancários do BB e da Caixa que já começam a sentir o risco que seus empregos estão correndo.”
 
A presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Juvandia Moreira, também destacou a necessidade de mobilização. “Temos de organizar atos nacionais porque nossa mobilização pode impedir esse desmonte”, disse a dirigente sobre a “reestruturação” anunciada pela direção do Banco do Brasil (clique aqui). “Isso foi um total desrespeito com os bancários, com o movimento sindical, com a população. Reduzir o quadro de funcionários dessa forma e iniciar o desmonte de um banco público é prejudicar toda a sociedade. O BB responde por mais de 60% de todo o crédito agrícola, a Caixa responde por mais de 60% do crédito imobiliário. Os bancos públicos foram fundamentais para que o Brasil enfrentasse a crise financeira mundial porque ofertaram crédito e com isso geraram emprego e renda.”
 
Para o diretor de Imprensa e Comunicação da FETEC-CUT/SP e de Relações Sindicais da Associação de Pessoal da Caixa Econômica Federal de São Paulo (Apcef/SP), Leonardo Quadros, as medidas tomadas no Banco do Brasil também são esperadas na Caixa e demais empresas públicas. “São parte da política deste governo, que age com falta de transparência dos rumos a serem tomados pelo serviço publico, desconsideração do papel e da opinião dos funcionários e, principalmente, a falta de compromisso social dos serviços públicos. Na verdade, sabemos que o objetivo é precarizar os serviços para preparar as empresas públicas para a privatização, um roteiro que já conhecemos na época de FHC”, disse.
 
BLACK FRIDAY
Juvandia aproveitou a presença de muitos bancários e dirigentes, de outros municípios inclusive, para votar, durante o seminário, o Dia do Preto no BB, nesta sexta-feira 25, com a participação de todos os funcionários do banco usando a cor como protesto em defesa do banco. “É a black friday no BB”, disse Juvandia.
 
ESTADO MÍNIMO
“O golpe vem para atacar a nossa soberania e voltar à política de Estado mínimo”, reforçou o coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP), José Maria Rangel, outro palestrante do seminário. Ele destacou o desmonte da Petrobras e a entrega do pré-sal às multinacionais. “Cerca de 20 mil trabalhadores estão deixando a companhia. O futuro da empresa está seriamente comprometido.” E comparou o tamanho da Petrobras na era FHC, quando corria o risco de ser privatizada, com o que se tornou nos governos Lula e Dilma: “A Petrobras era 2% do PIB nacional, e em 2013 respondia por 13%. A indústria naval contava com 2 mil empregados e, em 2013, eram 90 mil. O investimento em pesquisa era de 110 milhões de dólares e, em 2013, alcançou 1 bi. Foi esse gasto que possibilitou a descoberta do pré-sal, e por ironia do destino foi quando começou nosso calvário”, disse, referindo-se aos interesses internacionais e à conivência de políticos como José Serra, autor da lei recém aprovada que retirou a obrigatoriedade da participação da estatal na exploração do pré-sal.
 
CAMPANHA E LUTA
Durante o seminário foi lançada, em São Paulo, a campanha “Se é público, é para todos”. Uma das coordenadoras da campanha, a dirigente e bancária da Caixa Maria Rita Serrano lembrou da importância da mobilização diante das tentativas de privatização que já se desenhavam antes do golpe. “Antes mesmo de Temer assumir, nós nos articulamos e conseguimos barrar o caráter privatista do PLS 555, que pretendia abrir o capital de todas as estatais. Portanto, nossa união e articulação podem barrar os ataques aos bancos públicos e a serviços essenciais como saúde e educação, prevista na PEC 55”.
 
  Fonte: Seeb/SP, com edições da FETEC-CUT/SP
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