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sexta-feira, 29 de março de 2024

EM CIMA DA HORA

publicado em 23/11/2016

Mudança no BB ameaça crescimento regional

Presidente da Contag, Alberto Broch, diz que há por trás do anúncio do BB uma visão de Estado mínimo, "que atende aos interesses do mercado"
 
Na manhã de terça-feira (22), o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Alberto Broch, conversou com funcionários de uma agência do Banco do Brasil na capital federal para sentir a recepção às medidas de reestruturação anunciadas pelo BB. "Nunca vi uma direção de banco se reunir no domingo. E a insegurança que cria para o corpo técnico, o capital humano", comenta. As preocupações são de natureza econômica e política. No primeiro caso, com possíveis impactos sobre o financiamento à agricultura familiar.
 
"Além da questão política – sempre defendemos um banco público –, esse enxugamento pode reduzir a capilaridade de financiamento", diz Broch, sem ter detalhes ainda da extensão das medidas que ele chama de "drásticas". "Estamos muito preocupados. Tememos que possa prejudicar o desenvolvimento dos pequenos municípios, dificultar o financiamento", avalia o presidente da Contag.
 
Ele também aponta a concepção por trás do anúncio do BB. "É exatamente uma visão de Estado. Como a PEC da desgraça avassaladora (referindo-se à Proposta de Emenda à Constituição 55, de controle de gastos públicos), a reforma da Previdência, a reforma trabalhista. Amanhã vem a Caixa. É a visão de um Estado mínimo, que atende aos interesses de mercado."
 
Na questão do fomento, Broch lembra que o BB "tem sido o principal agente de desenvolvimento no campo, tanto para a agricultura patronal como para a familiar", com uma média aproximada de R$ 30 bilhões/ano para a agricultura familiar. Em seu relatório anual, o BB se apresenta como "líder absoluto no crédito ao agronegócio, com 60,9% de participação de mercado". Segundo o banco, a carteira de crédito rural somou R$ 137,4 bilhões, sendo R$ 39,3 milhões para o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), que o BB lista entre suas prioridades.
 
"Não conhecemos o tamanho do estrago, se terão uma política, nesta fase, de considerar o cuidado de não deixar comunidades e cidades de fora", comenta o presidente da Contag. Em contatos com o governo, a entidade tem reivindicado a recriação do Ministério do Desenvolvimento Agrário, que no governo Temer perdeu status passou a ser uma secretaria vinculada à Casa Civil.
 
"Isso cria uma enorme dificuldade para as políticas públicas de agricultura familiar no Brasil, uma insegurança muito grande", diz Broch. "Ficamos sabendo que voltaria. O próprio ministro (Eliseu) Padilha falou publicamente, mas depois o governo se fechou", acrescenta o dirigente. "Há também uma pressão da bancada ruralista."
 
Sobre o próximo Plano Safra, ele afirma que ainda não é possível fazer previsão. "Se alguém tiver uma, é chute." O atual plano, negociado com o governo Dilma, vai até junho do ano que vem. Prevê R$ 185 bilhões de crédito aos produtores rurais, para custeio e comercialização.
 
  Fonte: Rede Brasil Atual
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