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quinta-feira, 28 de março de 2024

EM CIMA DA HORA

publicado em 06/02/2019

Número de bancários doentes dispara em oito anos

Dados obtidos no INSS revelam que de 2009 a 2017, a quantidade de trabalhadores de bancos afastados por transtornos mentais cresceu 61,5%, e o total de afastados aumentou 30%; número absoluto de trabalhadores adoecidos pode ser ainda maior devido à subnotificação

O número de bancários afastados por doenças cresceu substancialmente entre 2009 e 2017, segundo dados do INSS obtidos pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.

O total de trabalhadores que tiveram benefícios acidentário ou previdenciário foi de 13.297 em 2009. Oito anos depois, 17.310 tiveram de se afastar do trabalho por conta de enfermidades. Aumento de 30%.

Mais de 50% dos casos referem-se a transtornos mentais (aumento de 61,5%) e enfermidades relacionadas a lesões por esforço repetitivo (crescimento de 13%).

“Na população geral, 50% dos adoecimentos são da esfera psíquica ou do sistema  musculoesquelético? Não. Analisando as condições de trabalho dos bancários e o seu perfil de adoecimento ocupacional ao longo dos anos, é possível compreender esses dados que são apresentados e reforçar a relação entre esses adoecimentos e o trabalho bancário”, avalia a médica e pesquisadora Maria Maeno, coordenadora do Programa Organização, Gestão do Trabalho e Adoecimento da Fundacentro, órgão ligado ao Ministério do Trabalho.

“O levantamento reforça que a categoria bancária está adoecendo cada vez mais, e os motivos são aqueles que nós estamos cansados de alertar e denunciar: sobrecarga de trabalho, pressão para o cumprimento de metas abusivas e assédio moral. Tudo isso objetivando o aumento da lucratividade cada vez maior das instituições financeiras, o que só favorece os acionistas e diretores executivos dos bancos, em detrimento da saúde de milhares de trabalhadores”, afirma Carlos Damarindo, secretário de Saúde do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.

Subnotificação

Importante frisar que o levantamento refere-se apenas aos bancários afastados pelo INSS. Os dados desconsideram os trabalhadores que não tiveram o benefício concedido e os que mesmo doentes nunca acionaram a Previdência. Portanto, os números podem ser ainda maiores. A exclusão desses empregados dos números oficiais é chamada de subnotificação.

O aumento do total de afastados foi muito maior do que o crescimento do total de trabalhadores bancários. Em 2009, a categoria bancária somava 462 mil trabalhadores. Oito anos depois passou para 467 mil, aumento de 1%.

Os bancos respondem por apenas 1% dos empregos no Brasil, mas foram os responsáveis por 5% do total de afastamentos por doença no país, entre 2012 e 2017. Os dados são do Ministério Público do Trabalho. 


Políticas de governo prejudicam trabalhadores e favorecem maus empregadores

Desde 2016, quando Michel Temer tomou o poder, o governo federal vem anulando milhares de auxílios previdenciários e aposentadorias. Os pensionistas que não apresentam sequelas aparentes, como é o caso das pessoas que sofrem de doenças psicossomáticas, são os mais prejudicados pela política de revisão dos benefícios.

O governo Bolsonaro já mostrou que irá continuar com essa política. Além disso, o atual governo extinguiu o Ministério do Trabalho, justamente a pasta responsável por fiscalizar e penalizar empresas que impõem más condições e jornadas degradantes aos seus trabalhadores.

O afrouxamento da fiscalização resultará em ainda mais desfalques ao sistema previdenciário, por meio das diminuições das contribuições ao Fator Acidentário de Prevenção (FAP). 

O FAP é um multiplicador que incide sobre a folha de salários das empresas para custear aposentadorias especiais e benefícios decorrentes de acidentes de trabalho. Pela metodologia do FAP, as empresas que registrarem maior número de acidentes ou doenças ocupacionais, pagam mais. Por outro lado, o FAP aumenta a bonificação das empresas que registram acidentalidade menor.

“São políticas que só favorecem as empresas que cometem abusos, pois as mesmas não são penalizadas e não sofrem qualquer tipo de fiscalização do governo e ainda oneram ainda os cofres públicos.”

  Fonte: Seeb/SP
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