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sábado, 20 de abril de 2024

EM CIMA DA HORA

publicado em 23/01/2019

Empregos em risco: Arábia Saudita suspende importação de frango do Brasil

Arábia suspende importação de frango de 33 frigoríficos, após Bolsonaro anunciar mudança da embaixada brasileira para Jerusalém. Outros países da região devem fazer o mesmo e Brasil pode perder 240 mil empregos.

A Arábia Saudita, maior importadora de frango do Brasil, excluiu 33 frigoríficos brasileiros de sua lista de exportadores e milhares de trabalhadores e trabalhadoras podem ser demitidos nos próximos dias.

Dos 58 frigoríficos habilitados pelo Ministério da Agricultura para exportar para a Arábia Saudita restaram apenas 25 na lista dos árabes. Entre as unidades descredenciadas estão JBS e BRF, gigantes do setor.

O anúncio do país, onde 90% da carne consumida é brasileira - o que dá ao Brasil um saldo comercial de US$ 1,012 bilhão -, feito nesta terça-feira (22), é uma retaliação à decisão de Jair Bolsonaro de transferir a embaixada brasileira em Israel, de Tel Aviv para Jerusalém.

Ao atender aos caprichos da bancada evangélica que acredita que Jerusalém é a capital santa do povo judeu, Bolsonaro colocou em risco o emprego de mais de 240 mil brasileiros que trabalham nos frigoríficos cujas plantas são especializadas no corte Halal, especialmente feito para consumo daqueles países, respeitando a religião do povo árabe.

“Cada planta tem entre 1.500 a 2.000 mil trabalhadores, contando os granjeiros, os produtores de milho para ração, pequenos agricultores, motoristas de caminhão, além do comércio de 35 cidades brasileiras que dependem economicamente desses frigoríficos, o estrago será muito grande”, afirma o dirigente.

“Há muita preocupação entre os trabalhadores por causa do desemprego”.

Já para o presidente da Contac-CUT, Siderlei de Oliveira, a decisão do governo de extrema direita de Jair Bolsonaro é um tiro no pé para a recuperação econômica do país, lembrando que o setor esperava um aumento nas exportações.

“Isto vai liquidar com a nossa economia, pois esperávamos um aumento nas exportações do setor”, diz Siderlei, acrescentando que acredita que outros países árabes irão na mesma direção da Arábia Saudita e suspenderão toda a importação de carne de frango brasileira.

Os estados que devem ser mais afetados economicamente com a decisão de Bolsonaro são Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Groso do Sul, Minas Gerais e Bahia, onde estão localizados a maioria dos frigoríficos que tiveram a importação de carne de frango suspensa pela Arábia Saudita .

“Já tem outros países de olho no mercado árabe. Vamos perder para o Canadá, Espanha e os Estados Unidos que disputam o mercado de frango com o Brasil, por uma questão religiosa de Bolsonaro”, critica Siderlei.

Entenda o caso

Os judeus consideram Jerusalém sua capital, mas os palestinos também querem que a cidade seja a futura capital quando for criado o Estado da Palestina.

A ONU, ao criar o Estado de Israel em 1948, não reconheceu Jerusalém como capital dos judeus.

É por isso que todos os países mantêm suas embaixadas em Tel Aviv, adotando a prática sugerida pelas Nações Unidas de neutralidade em Jerusalém, já que o local é sagrado para as três maiores religiões monoteístas: a judaica, islâmica e cristã.

Israel ocupa Jerusalém Oriental desde a guerra de 1967 e, posteriormente a anexou num ato nunca reconhecido pela comunidade internacional.

  Fonte: CUT
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