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quinta-feira, 28 de março de 2024

EM CIMA DA HORA

publicado em 30/01/2017

Acesso ao emprego ainda é a principal demanda do movimento trans

Maioria das empresas continuam resistindo a contratar travestis e transexuais em razão da transfobia.

Neste 29 de janeiro, data em que se celebra o Dia da Visibilidade Trans, atividades por todo país denunciam a transfobia e a necessidade de inclusão social das travestis, mulheres transexuais e homens trans no mercado de trabalho.

Em ano de crise, a dificuldade de inclusão se torna ainda maior e gera um caos social: segundo dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) 90% deste público está se prostituindo no Brasil e apenas 10% trabalha com registro em carteira.

“A maior demanda do movimento é a empregabilidade. O direito ao trabalho, é um direito fundamental, se não temos esse direito, a prostituição passa a ser o único espaço de subsistência”, reforça Ângela Lopes, mulher transexual e ativista.

A não aceitação familiar frequentemente faz travestis e transexuais serem expulsas logo cedo de casa e, em consequência, sofrerem com a evasão escolar em razão da sua identidade de gênero. Por outro lado, a baixa escolaridade e o preconceito tornam-se barreiras para o acesso ao emprego.
Luiz Fernando, homem trans, relata que já foi vítima de transfobia numa entrevista de emprego. “Já sofri preconceito nos processos seletivos, já fui rejeitado devido ao meu nome e sexo nos documentos e, por isso, fiquei desempregado por dois anos”, afirma.

Uma ação que tem ajudado a derrubar as barreiras é o trabalho dos movimentos LGBT, principalmente aqueles com foco nessa questão, que geraram algumas políticas públicas com impacto positivo no combate ao preconceito.

Para a secretaria nacional de Políticas Sociais da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Jandyra Uehara, essa demanda é um “requisito fundamental para uma sociedade mais justa”. “A batalha pela visibilidade, o direito à vida, à saúde é fundamental. No Brasil, não há uma política nacional com este foco da empregabilidade, e nós da CUT defendemos que haja”, defende a dirigente.

O que mudou?

Os poucos postos no mundo do trabalho formal que se permite que sejam ocupados mais frequentemente por essa população estão entre os mais precarizados, como é o caso do telemarketing. Essa é a avaliação da pesquisadora da Unicamp, Regina Facchini.

Ela afirma que houve algumas mudanças positivas nos últimos anos, porém, quando se trata das pessoas trans, o Brasil ainda é conservador e o mercado de trabalho também. “Há uma ação articulada da transfobia com outras desigualdades sociais, como o racismo e o machismo nestes espaços”, reitera.

De acordo com a pesquisadora, só a “manutenção e ampliação de políticas sociais pode amparar” pessoas que vivem em situações mais precárias. Ela cita como exemplo, o Programa Transcidadania, do ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), que resgatou várias da vulnerabilidade.
“O projeto mudou a vida de muitas travestis, mulheres transexuais e homens trans, mas também foi um importante instrumento de luta mais ampla contra a estigmatização”, enfatiza.

O programa teve duas turmas. Na primeira, oferecia uma bolsa de R$ 840,00 para essas pessoas concluírem o ensino fundamental e médio por meio da Educação de Jovens e Adultos (EJA), e acompanharem cursos profissionalizantes. Na segunda, o número de vagas foi ampliado, de 100 para 200, e a bolsa foi para R$ 924,00. O programa priorizou e tirou várias travestis e transexuais em situação de rua.

Érica Hilton, negra e travesti, participou da marcha pelos direitos da população trans na tarde deste sábado, 28, na capital paulista. “Não temos acesso ao direito formal, que é o trabalho, nós temos capacidade. E vamos protagonizar essa luta, estamos cansadas de ser silenciadas”, disse.

  Fonte: CUT/SP
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