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quinta-feira, 28 de março de 2024

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publicado em 25/07/2019

Resistência é o mote do Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha no Brasil 

No Brasil, 39,8% de mulheres negras são submetidas a condições precárias de trabalho. Nos bancos, uma mulher negra recebe cerca de 26% menos do que um homem branco.

Desde 1992, o dia 25 de julho se transformou em um marco internacional de luta e de resistência da mulher negra. A data foi criada no primeiro Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-Caribenhas, na cidade de Santo Domingos, na República Dominicana. Com o objetivo de dar visibilidade às lutas das mulheres negras contra o racismo, o sexismo e a discriminação de classe, mulheres de todo o Brasil, celebram a data para fortalecer a resistência contra retrocessos e violência de gênero.  

A Marcha das Mulheres Negras de São Paulo, neste ano terá como tema: “Sem violência. Sem racismo. Sem discriminação. Sem fome. Com dignidade, educação, trabalho, aposentadoria e saúde.”    

Os temas abordados relacionam com a atual conjuntura política e social que os brasileiros estão vivenciando. "Todos os dias lutamos para que seja possível vivermos numa sociedade na qual a igualdade de oportunidades e justiça social seja uma realidade. Infelizmente, o país onde vivemos hoje é muito diferente do Brasil que queremos”, comenta Maria de Lourdes (Malu), secretária de Políticas Sociais da Federação dos Bancários de São Paulo (FETEC-CUT/SP).

Para ela este dia 25 de julho é uma data marcante. “São muitas ameaças que tentam destruir os direitos conquistados ao longo da nossa história. Somos nós as mulheres quem mais sofremos todos os dias. Por isso é necessário ocupar as ruas e as redes sociais, lutar e gritar, somos contra esta nefasta Reforma da Previdência; basta de violência contra as mulheres!”, completa.

Brasil

No Brasil, quando analisados fatores como, por exemplo, taxa de homicídios, inclusão no mercado de trabalho, disparidade salarial, condições de trabalho e desemprego, as mulheres negras encontram-se em uma das posições mais vulneráveis da nossa sociedade. De acordo com o estudo Atlas da Violência 2018, realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), a taxa de homicídios de mulheres negras ficou em 5,3 a cada 100 mil habitantes. Entre mulheres não negras, esse índice cai para 3,1 a cada 100 mil habitantes, uma diferença de 71%. 

Outros dados do Ipea revelam que mulheres negras estão 50% mais suscetíveis ao desemprego do que outros grupos. Segundo o Instituto, enquanto o desemprego entre mulheres negras subiu 80% em relação ao período anterior à crise econômica, entre homens brancos o aumento foi de 4,6 pontos percentuais – entre homens negros, houve crescimento de 7 pontos percentuais. 

De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 39,8% de mulheres negras compõem o grupo submetido a condições precárias de trabalho – homens negros abrangem 31,6%; mulheres brancas, 26,9%; e homens brancos, 20,6% do total.

Nos bancos 

Segundo a secretária, o fato de ser uma mulher negra também coloca as trabalhadoras do setor bancário em posição de desvantagem frente aos demais trabalhadores e trabalhadoras. Analisando a média salarial, uma bancária negra ganha em média 26% menos do que um bancário branco. “As mulheres negras quem mais têm suas vidas destruídas com a violência contra seus corpos, seus filhos. Com a falta de emprego, moradia, saúde e segurança pública”, explica Malu.

Mesmo com mais anos de escolaridade, representando praticamente metade da categoria bancária (48,3%) e sendo a maioria no Sudeste (51,9%), as mulheres enfrentam maiores barreiras para ascender na carreira no setor financeiro. 

Novo Censo da Diversidade

Com o objetivo de traçar um perfil da categoria bancária e fazer com que os agentes da diversidade promovam reflexões e debates capazes de transformar o quadro de desigualdade de gênero e racial no setor bancário e na sociedade, está sendo realizado o Censo da Diversidade Bancária, uma conquista dos bancários na Campanha Nacional de 2018.  

A proposta foi apresentada pelos trabalhadores à Fenaban (federação dos bancos) na mesa de igualdade de oportunidades e já começou a ser implementada com a finalidade de embasar políticas de inclusão, de combate à discriminação e de promoção da igualdade de oportunidades no setor bancário. 

Lançada no site da Febraban na segunda-feira 15, e disponível também no site da Contraf, a campanha se prolongará até outubro, quando também se encerrará a fase de questionário do Censo, que iniciará no final de agosto. Os dados serão tabulados e analisados entre novembro e janeiro, e os resultados serão divulgados em fevereiro de 2020. O censo deste ano vai além da coleta de dados: também será realizada uma campanha de sensibilização da categoria para o tema, que inclui a formação de agentes da diversidade nas agências e departamentos.

  Fonte: FETEC-CUT/SP com Contraf-CUT
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