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publicado em 09/12/2016

Terceirização no Bradesco: A diferença entre o discurso e a prática do banco

Dados do último Relatório Integrado do Bradesco apontam que o banco encerrou 2015 com 92.861 funcionários. O mesmo relatório informa ainda que, além destes funcionários, existiam outros 11.858 trabalhadores terceirizados que trabalham para o Bradesco. “É um número muito grande de trabalhadores terceirizados, é mais do que 11% do total e chega a quase 13% se considerados apenas aqueles que o banco considera como funcionários”, observa Maria de Lourdes Silva, a Malú, dirigente sindical da Federação dos Bancários da CUT de São Paulo (FETEC-CUT/SP) e coordenadora do Coletivo Estadual dos Funcionários do Bradesco.
 
Malú explica que o alto número de trabalhadores terceirizados é preocupante e indica o descaso do banco com o trabalhador. “Quem lê as informações sobre gestão de pessoas nos relatórios do banco imagina que é uma maravilha trabalhar no Bradesco, tamanha a quantidade de ‘benefícios concedidos’ aos funcionários. Assim como nos contos de fadas, a beleza que se vê nos textos não se verifica na realidade. Primeiramente, não se trata de benefícios concedidos pelo banco, e sim de direitos conquistados pela luta da categoria. E, no que diz respeito aos terceirizados, os relatórios omitem que os direitos da categoria não se estendem a eles. O descaso se percebe quando reparamos que ano após ano, o número de funcionários se reduz, enquanto o de terceirizados aumenta”.
 
A diretora da FETEC-CUT/SP ressalta, ainda, que o aumento dos terceirizados e a redução dos funcionários diretos é uma realidade que se constata em todos os bancos. “Os bancos têm altos lucros e querem reduzir os gastos com funcionários para aumentar ainda mais seus lucros. Os terceirizados não têm os mesmos direitos da categoria bancária e recebem muito menos, mesmo realizando as mesmas tarefas. Fui terceirizada no Bradesco. Sei como estes trabalhadores são desvalorizados e aprendi que quem faz trabalho de bancário, bancário é. Temos que acabar de vez com essa história de terceirizar trabalhadores de atividade fim”, disse.
 
TERCEIRIZAÇÃO
A Central Única dos Trabalhadores (CUT) e demais centrais sindicais que defendem os interesses dos trabalhadores lutam contra a aprovação de projetos de lei e de emendas à Constituição que visam facilitar a contratação de trabalhadores terceirizados em todos os setores da economia, mesmo em empresas públicas e para realização de atividade fim.
 
O Projeto de Lei da Câmara (PLC) 30, que foi aprovado na Câmara dos Deputados, foi relatado no Senado pelo senador Paulo Paim (PT/RS). O relatório atende os anseios dos trabalhadores, mas pode ser alterado durante sua tramitação. Por isso, o senador aguardará um melhor momento para apresentar o relatório.
 
Mas, a terceirização sem limites pode ser aprovada na Câmara dos Deputados por meio do Projeto de Lei 4.302/1998, que já passou pelo Senado e basta ser aprovado pelos deputados para ir à sanção presidencial.
 
Outro atalho para a aprovação da terceirização pode ocorrer pelo caminho do Supremo Tribunal Federal (STF), caso a Suprema Corte brasileira derrube a decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST) que definiu a terceirização praticada pela Empresa Brasileira de Celulose (Cenibra) como “transferência fraudulenta e ilegal” de mão de obra, com “nítido propósito de reduzir custos de produção”. Tendo perdido na instância máxima da Justiça do Trabalho, a Cenibra recorreu à Suprema Corte. Caso o STF dê ganho de causa à Cenibra, a decisão vira jurisprudência, invalida a Súmula 331, do TST, e libera a terceirização para atividade fim em todos os setores econômicos.
 
  Fonte: FETEC/SP
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